quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

danço eu, dança você

havia prometido
me comportar

leão que sou
teimei
bati o pé
jurei
de pé junto
e separado

daí que Vênus
a impossível

cheia de graça
de manha
e pirraça

trapaceou

foi contra mim
meu orgulho
minha cabeça

fez da minha pele
pétala
fez da minha lágrima
orvalho

e esse meu peito
forte
inflado

se fez fraco
medroso
coitado

à mercê do vento
do mau tempo

(silêncio)

esfreguei os olhos
olhei pela janela
e Vênus estava lá
ao sol
me esperando
mãos espalmadas
prontas pra empurrar
o primeiro trouxa
ou o segundo
ou seja lá
que número seja o meu

sorri pra ela
sim
por que no fundo
ou em cima mesmo
não tenho vergonha
na cara
nem no bolso

fiz o sinal da cruz
mais por costume
que por religião

fechei os olhos

e agora estou cá
esperando
pronto
ou nem tanto
a próxima música
no próximo baile

no meio do salão

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

domingo, 14 de fevereiro de 2010

4.Somente as águias constroem ninhos à beira do abismo.

.vivência Memórias Póstumas de Hamlet.

"Fico no limiar entre a construção e a destruição. Sou meu maior obstáculo. Talvez esse meu corpo não suporte mesmo o peso do universo em expansão e explosão que carrego aqui dentro.
Meu pai está morto. Estou vivo.
Filho do vento que passou. Sou o ar parado querendo ser brisa.
Minha causa é morta. Meus olhos cheios são a mais verdadeira manifestação da vida em mim."


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

3.Quão belo é um enterro!

.vivência Memórias Póstumas de Hamlet.

"Essas nuvens, meu senhor, são apenas o prenúncio. Há algo aqui dentro que ultrapassa tudo isso. Não existe metáfora capaz de traduzir a verdade que se passa aqui dentro."

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

2.A genealogia dinamarquesa.

.vivência Memórias Póstumas de Hamlet.

"Quando parece que as tempestades tomaram gosto demasiado por mim."

(explosão)

era preciso
somente
ouvir dentro
por dentro
para saber
que esses ares
ESSES ARES
eram de tempestade
e não de brisa

...

agora estou aqui esparramado ao vento
ao deus-dará do tempo
nada arrependido

...

no silêncio do grito recente

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

o momento mágico ou a tentativa de contato.

(e ele disse)

agradeço por me seguires.
te sigo também.
entorpecemo-nos-emos de logos...
vem logo!
ainda há espaço
no braço,
fechemos o laço: apertados estaremos
na rede, ainda que com sede,
não desistiremos.
são múltiplos os desejos e poucos os prazeres.
me deixa ver-te de eros? veste-te, vai!
não te assustas com o logos: os sintagmas são desconexos.
sejais caçador de mim, eu, de ti.

(respondi)

envaidecido
um tanto entorpecido
e embevecido na fantasia de eros
seguimos então, um ao outro
e seja o que a poesia quiser!

(tempo de uma respiração profunda)

por que me cortejas assim?

revolvo-me para o guerreiro com a cabeça hesitante:
-faço cortesia em forma de poesia,
pra quem nunca vi, e nem sei quem seja.
o momento é hi-tech.
esse que as pessoas se desnudam por fios e,
pessoalmente,
geralmente, é nada que se imagina.
é o " momento mágico" do nosso tempo.
o guerreiro percebera que assim como seu tempo, tudo era efêmero.
subiu no cavalo e saiu à trote. queria eu que ele falasse :

(explosão)

- vai ver que nos conhecemos de um lugar que certamente não é o aqui e de um tempo que certamente não é o hoje vai ver é esse mesmo o caminho do desejo.
esse desejo ficara na minha subjetividade. lá no fundo.