segunda-feira, 6 de setembro de 2010

bad romance

rasgamos seda
rasgamos a roupa
rasgamos o peito

te rasgo e te guardo em pedaços
nos bolsos da minha camisa de botões

e aguardo

talvez a próxima ardida palavra
talvez a mais efêmera das carícias
por isso mesmo tão violentas

por isso

foge por aqui que eu vou por ali
trocamos a covardia por outra coisa

talvez menos dor
talvez mais amor

ou um pouco dos dois
que por pouco não somos um

de tão iguais

tempestade, temporal
é o que me causa
e o que me cansa

mas te faço meu
por direito
desse jeito torto
que é nosso

e te faço

te faço pó, te faço nada
pouco caso de ti
faço de mim

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

babel: penso que a falta de palavras nos pegou na esquina do cotidiano com a covardia

falta que me faz falta
esse excesso pra mim é nada

nada daquilo que me disse
dissemos

sermos esses estrangeiros
um diante do outro
distante do outro
pela falta excessiva
de um nada em comum

incomum
incomunicabilidade

habilidade de troca
de ser
estar

encaixar no outro
sem encaixotar a si

enrosca tua língua aqui
na minha língua
que essa conversa
direta
reta

nos falta