sobre o perigo da ilusão.

Em um ano regido por Vênus, não posso deixar de temer os caminhos, por mais belos que pareçam.

sobre o fato das palavras não darem conta.

A poesia do sentimento, do olho cheio e do peito espremido é a mais bela que existe.

sobre a importância da luz.

que o meu corpo
o meu caminho
e o meu sangue
estejam acesos

que os olhos brilhem
úmidos e atentos

que o sentimento aqueça
sempre e tanto

que as cores apareçam
mesmo entre nuvens

E se vestiu de branco na esperança de que isso atraísse um pouco de luz.

(talvez) ele realmente espera que o mundo acabe

porque sempre foi meio covarde
e com medo da felicidade

aí dá nisso

anunciaram e garantiram!

antes do mundo acabar
ou antes de acabarmos com o mundo
penso que deveríamos acabar com tantas bobagens
antes que acabemos com tudo aquilo que há de mais forte

desse jeito tão bobo

epitáfio anterior

Se ainda desabo em água é porque meu corpo ainda chora necessitando de uma pequena morte todos os dias.

curto e grosso

é preciso coragem!

pra explodir
pra amar
e até pra sofrer

passado

aquele que eu era paralizou e pegou poeira depois de virar a esquina do tempo

meu coração não sossega, teimoso que é

só aprendeu um jeito de bater
(forte)
e insiste nisso

em conexão direta com outro teimoso
o olho
que só sabe mesmo é chover

isso sem falar do sangue que só sabe esquentar
da respiração que só sabe correr
da pele que só sabe amar

porque se ama, de fato, com a pele
o resto do corpo é que vai junto
teimoso que é

perder-se

antes que a cabeça engula o corpo
e eu me torne assim

armadura ambulante
carcaça fria
ossos de aço

ossos do ofício

não!

não quero artifício
lento, lento

quero apenas o risco
e o efeito que é

movimento

O que acontece quando acaba?

não adianta

somos uns patifes
e nos amamos

primeira conclusão depois da virada de um ano cheio de explosões para um outro ano que nem se sabe o que.

o que?

o amor quebra o corpo, mas a cor escorre em líquido e a matéria se torna uma só