não é vivendo que se morre
morrer vem muito antes
morrer já nos foi dado
(Vida pela própia vida. Será isso?)
a dor não é da morte
se dói, é porque vive
viver culmina na dor
(Escolho a vida. Afirmo minha frágil certeza do agora.)
me dói o dentro e o fora
me dói a interrogação
me dói a exclamação
e eu resisto
por teimosia e por vocação
terça-feira, 30 de novembro de 2010
sexta-feira, 5 de novembro de 2010
confesso
tenho medo
daquilo que querem
oh deus, como tenho medo
daquilo que querem que eu seja
do que sou não tenho medo
o que sou é tudo o que tenho
um amontoado de defeitos
e mais
regido pelo fogo, tenho sangue nos olhos
enluarado pela água sou todo matéria que escorre
transpira
chora
goteja
e agora?
me envaideço ou enlouqueço?
por esse duplo que sou
por esse defeito
por esse feito
pelo que foi feito
de mim, assim
dois e quem sabe mais
(t) eus
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
em pleno dia se morre
para Clarice e Coletivo Más Caras
Hoje eu tentei rezar. Não ao deus da maioria, mas àquela figura que existe em mim. Aquela figura que me preenche no vazio que é a existência.
A tentativa antecedia e precedia o choro. - Oh céus, por que será que reza e choro quase sempre se conversam? Me arrisco: Talvez, pela lágrima ter algo de divino em si própria. A alma que se faz líquido e transborda o corpo.
E nesse duplo transbordar da coragem humana diante do sagrado, pedi. E como não sabia muito bem como e o quê pedir, deixei que viesse:
"Querido deus, é estranho falar contigo após tanto tempo. Não quero me prolongar e nem me desculpar. Quero agradecer e quero pedir. Pedir aceitando o egoísmo que me faz humano.
Agradeço por ter aprendido e por ter descoberto o valor do choro. Agradeço também por suportar a dor, e por ter ao meu lado pessoas que me ajudem nas vezes que eu não suporto tanto.
E peço, sendo fiel ao meu não prolongar a reza, que me ajude a transformar algumas das lágrimas em tinta. (explosão) Sim deus, me fiz artista e necessito de tintas para escrever meus poemas e para viver.
Peço que cuide dos que confiam em mim e que me aceitem frágil e bobo como eu sou.
Amém."
Hoje eu tentei rezar. Não ao deus da maioria, mas àquela figura que existe em mim. Aquela figura que me preenche no vazio que é a existência.
A tentativa antecedia e precedia o choro. - Oh céus, por que será que reza e choro quase sempre se conversam? Me arrisco: Talvez, pela lágrima ter algo de divino em si própria. A alma que se faz líquido e transborda o corpo.
E nesse duplo transbordar da coragem humana diante do sagrado, pedi. E como não sabia muito bem como e o quê pedir, deixei que viesse:
"Querido deus, é estranho falar contigo após tanto tempo. Não quero me prolongar e nem me desculpar. Quero agradecer e quero pedir. Pedir aceitando o egoísmo que me faz humano.
Agradeço por ter aprendido e por ter descoberto o valor do choro. Agradeço também por suportar a dor, e por ter ao meu lado pessoas que me ajudem nas vezes que eu não suporto tanto.
E peço, sendo fiel ao meu não prolongar a reza, que me ajude a transformar algumas das lágrimas em tinta. (explosão) Sim deus, me fiz artista e necessito de tintas para escrever meus poemas e para viver.
Peço que cuide dos que confiam em mim e que me aceitem frágil e bobo como eu sou.
Amém."
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