sexta-feira, 30 de abril de 2010

sobre a proposta do dia anterior.

Sequestrarei você sem que você saiba, no entanto, que ficará livre para escolher se quer me prender nos braços (abraços) ou pelas pernas (eternas).

Sem que saiba também que no cativeiro só haverá espaço para dois corpos, sendo que um deles é o meu, já que a ideia foi minha.

Sobre o vinho que abriremos.
Sobre o rock britânico que se ouvirá durante o ato.
Sobre o fato.
Sobre o suspiro.
Sobre a poesia, o olhar, o tato.
Sobre o olfato.
Sobre nada disso ficará sabendo.

Nem que o segundo corpo no espaço é o seu.

Nada disso.

Quero te pegar na curva, na travessa do desejo com a música.

Só nos restando o charme, no mistério que agora passou a existir.

sábado, 24 de abril de 2010

sem máscaras na noite dos mascarados

Ele não é misterioso.
Nem eu.
Nem as nossas palavras trocadas.
Nem a forma de encaixe do corpo.
Nem o vinho prometido.
Nem a despedida no metrô.

O que havia de misterioso alí
era somente a sua bolsa de feira,
carregada de pequenas bugigangas
pequenos universos de menino artista.

E talvez, muito talvez
a poesia que se escondia
no mais simplório dos diálogos.
De todos os tempos.
Na história de todos os amantes,
que já passaram por esse chão.

De resto era tudo pobre, parco,
sem nada de espetacular.
Sem nenhum valor de novela das 8.

Nada que fosse misterioso.

Ainda assim de movimento avassalador,
pequenas explosões
e coração batendo forte,
tão forte.

terça-feira, 20 de abril de 2010

e lá vamos nós

Eu bem que avisei que um ano regido por Vênus seria perigoso. Fui acertado em cheio por um objeto não identificado e estou tontinho da Silva. Perdi a direção do banheiro, as chaves de casa já não estão mais aqui comigo, minha carteira só deus sabe onde...

Agora é esperar e ver se a tontura passa, se o coração aguenta e se a cabeça não entra em parafuso de vez.


sexta-feira, 16 de abril de 2010

o gosto pelo caos de Dioniso

me embriagar até que eu esqueça
até que alguém me lembre
até que um certo alguém me lembre
até que o certo alguém me lembre

vale um vinho, vale um copo
vale chorar e rir ao mesmo tempo

vale morrer
pequena morte necessária

vale até desejar
desejos além da própria alma

essa minha alma que explode por não caber no corpo
que sofre pela falta das asas
e goza pelos excessos

(gritos celebrativos)

- Evoé!

ao sangue do poeta seco, agora

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Quem fala?

o telefonema que antecede a pele
a tentativa de contato
no mau contato do telefonema

e tudo o que eu tinha
chorado
rasgado
sofrido
perdido

se desfez
e me fez
acreditar em nós
nos laços
nos abraços

outrora partidos

...

o ser humano é mesmo uma graça
uma simples vibração e tudo muda

segunda-feira, 12 de abril de 2010

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Só me fale se isso foi uma despedida.

havia apenas a pele
e a filosofia
sem o peso da filosofia

nós dois
e algumas estrelas caídas

doce decadência

o amor sem o peso do amor
apenas pele

- Quero-te dentro.
- Quero-te em mim.

quis porque quis

exagerei
exageramos

explodimos e nos reencontramos
por diversas vezes
na mesma noite
na mesma cama

nos conhecemos há tempos

acredito nisso
e em quase tudo no mundo

até no silêncio em que se ouvia as explosões

fomos heróis
e nossos cavalos ainda falavam inglês