quinta-feira, 4 de novembro de 2010

em pleno dia se morre

para Clarice e Coletivo Más Caras


Hoje eu tentei rezar. Não ao deus da maioria, mas àquela figura que existe em mim. Aquela figura que me preenche no vazio que é a existência.
A tentativa antecedia e precedia o choro. - Oh céus, por que será que reza e choro quase sempre se conversam? Me arrisco: Talvez, pela lágrima ter algo de divino em si própria. A alma que se faz líquido e transborda o corpo.
E nesse duplo transbordar da coragem humana diante do sagrado, pedi. E como não sabia muito bem como e o quê pedir, deixei que viesse:

"Querido deus, é estranho falar contigo após tanto tempo. Não quero me prolongar e nem me desculpar. Quero agradecer e quero pedir. Pedir aceitando o egoísmo que me faz humano.
Agradeço por ter aprendido e por ter descoberto o valor do choro. Agradeço também por suportar a dor, e por ter ao meu lado pessoas que me ajudem nas vezes que eu não suporto tanto.
E peço, sendo fiel ao meu não prolongar a reza, que me ajude a transformar algumas das lágrimas em tinta. (explosão) Sim deus, me fiz artista e necessito de tintas para escrever meus poemas e para viver.
Peço que cuide dos que confiam em mim e que me aceitem frágil e bobo como eu sou.
Amém."

2 comentários:

  1. Assim seja, pra todos que despejam sua essência em palcos, telas ou páginas de palavras trançadas em uma trama imagética...

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