quinta-feira, 24 de junho de 2010

o menino e o caixão

como um boneco torto
o meu morto respira ainda
e o meu movimento é nulo
desajeitadamente parado

no peso daquilo que me esmaga
por baixo e não nas costas
arrastando-me pelo avesso
empoeirado e caquético

transpiro uma pausa longa
entre o tomar coragem
e o desapego franciscano

...

das pequenas mortes necessárias
o mais difícil continua sendo
se livrar do peso e do luto
e se deixar voar por aí...


Francis Bacon

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